O tic-tac do relógio
parecia acelerar o tempo ainda mais.
Ela era assim, prestava
atenção em tudo, e sentia a urgência do mundo. De fato.
E, mais uma vez, aquela
vontade imensa de se servir de cada prato do vasto cardápio que era a vida, inundava
sua alma.
Tinha sido assim
sempre, desde menina. Aliás, nem essa urgência, nem essa vontade, a deixavam descansar.
Essa ‘fome’ de vez
em quando a esgotava, e ela não sabia exatamente como saciá-la.
Sabia que a ‘macro-história’
seguia, mas era sempre na ‘micro’, sempre nos pequenos detalhes, que ela
sucumbia.
Conhecia as rotas de
fuga desse labirinto onde desejos transformavam-se em faltas, onde amores
transformavam-se em dores.
E esse não era o
caminho que desejava trilhar.
Dessa vez queria conseguir. Precisava aprender a descansar no amor, a desistir do tempo, a degustar lentamente cada um dos momentos ofertados.
Mas queria levar
pouca coisa.
Sem fragmentos
de viagens passadas.
Bagagem leve,
só mesmo a necessária.
Queria, de verdade, dias que bastassem...
Solange Maia
Nenhum comentário:
Postar um comentário