quarta-feira, 25 de novembro de 2015

amora demora...

Fruta chuvosa, doce, de uma acidez apaziguada.
Olho bem antes de morder.
A aparência fica tímida diante de tanto sentido.
Não tem começo, e não tem fim. O sabor está em tudo.
Anoto o gosto.
Não mexo em nada porque tudo está bom assim.

Entre os dentes seguro a fruta inteira.
Sorvo o suco contido em cada bago redondo e carnudo.
Amora é sempre plural.
E passa por cima do tempo.
Quanto mais consumimos, mais se constrói naquele pequeno instante, uma espécie de eternidade.

Guarde como um presente nosso, em seu coração,
porque carinho é coisa que demora a passar.

Solange Maia