Fruta chuvosa, doce, de uma
acidez apaziguada.
Olho bem antes de morder.
A aparência fica tímida diante
de tanto sentido.
Não tem começo, e não tem fim.
O sabor está em tudo.
Anoto o gosto.
Não mexo em nada porque tudo está
bom assim.
Entre os dentes seguro a fruta
inteira.
Sorvo o suco contido em cada
bago redondo e carnudo.
Amora é sempre plural.
E passa por cima do tempo.
Quanto
mais consumimos, mais se constrói naquele pequeno instante, uma espécie de
eternidade.
Guarde como um presente nosso,
em seu coração,
porque carinho é coisa que
demora a passar.
Solange Maia