Adriana
é sólida, majestosa, feita de linhas retas.
Rafael
sorri jocoso, imponente, altivo, sem nunca perder a doçura.
São
dois.
Mas só até
que toque a primeira nota e deem o primeiro passo.
Nessas
horas não se sabe se dançam ou se levitam.
Se
são dois, ou se são muitos.
Deslizam
por terras vulcânicas feitas de fogo e vento, desafiando a vertigem, domando os
músculos e o ar.
Dançam
com generosidade. Emprestam vida e história a cada movimento.
São
autores e intérpretes, um casal. E têm a beleza desolada de quem busca o outro
só para depois poder partir.
Perdem-se
só para depois poder se achar.
O
espaço que existe entre eles é denso, tangível, tocável.
Forjam
ouro, esculpem pedra, talham madeira, escrevem poesia.
Cometem
explosões de dureza que se transformam em mãos macias, que deslizam sinuosas
pelo outro, movimentos sincronizados de curvatura precisa, perfeitos.
Viram
música, segredos, rasgos, sulcos.
Contam
histórias de desejos e preliminares úmidas.
Uma
grande obra feita de pequenos movimentos. Minúsculos detalhes com a grandeza das
catedrais.
São fluidos,
orgânicos, imensos.
Seus
corpos cheios de possibilidades desafiam o ar, mesmo sabendo que não podem
fazê-lo. Fundem-se a ele, o respeitam como mestre, como amigo. Cometem a
entrega. Abandonam-se.
Têm
esse dom... o da monumentalidade.
Firmes
sobre seus pés morrem a cada passo, mas surgem generosos no passo seguinte.
Um
presente que não temos como agradecer.
Com
eles aprendi que dançar é uma ressurreição.
Solange Maia
para Adriana e Rafael...
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